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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sim, qualidade na TV e [pasme] na Globo!

Opras!

Se você me conhece, por menos que seja, sabe que não sou nem um pouco fã da Rede Globo. Não só por todas as acusações que a mega empresa de comunicação tem de "manipular dados" e de ser uma vendida aos interesses estrangeiros. Mas, principalmente, porque existe pouco espaço para criação na emissora. Num período, suponhamos, de dez anos as coisas pouco mudaram. Sem falar no grande pecado cometido pela empresa de TV que cobre cerca de 98% do território nacional: ter um conteúdo regional irrisório. Mesmo as ambientações no chamado "eixo Rio-São Paulo" são carregadas de preconceitos, estereótipos, etnocentrismo e arrogância. Na minha opinião, a Rede Globo não sabe o que é ser brasileiro.

Mas hoje estou aqui para bater palmas para uma das iniciativas da família Marinho. O motivo? A "micro-série" Som & Fúria. A produção, parceria entre a O2 Filmes e o Projac, teve a direção de Fernando Meirelles, sim o cultuado diretor de "Cidade de deus", "Blindnees", "Antônia"... Além da direção de peso, o casting do seriado foi muito bem produzido: Felipe Camargo, Andréa Beltrão, Debora Falabella, Dan Stulbach, Daniel Oliveira, Paulo Betti, Maria Flor e Regina Casé.

A história é bem simples. Os 12 capítulos contaram sobre a montagem de clássicos de Sheaspeare no Teatro Municipal de São Paulo: Macbeth, Hamlet e Romeu e Julieta. A cada dia o público conheceu melhor os integrantes da compania e o cotidiano do Teatro.

A relação de amor entre os atores e sua profissão, junto com in-trigas individuais e coletivas das personagens, fizeram da série sucesso de público e crítica. A primeira temporada de Som e Fúria terminou na sexta-feira dia 24-07-09.

Segundo o blog da O2 Filmes, produtora de Fernando Meirelles, o diretor e a empresa tem grande interesse em produzir a segunda temporada, tudo depende das negociações com a Globo.

Enfim, série bem produzida, história envolvente e diverte o público. Original? Nem tanto, é uma adaptação do canadense "Slings & Arrows". Mas o trabalho foi bem feito, toda a equipe conseguiu dar um ar bem brasileiro para Som e Fúria.

Essa foi uma das "bolas-dentro" da emissora plim-plim. Só não dá pra entender ainda porquê passam as melhores produções, mini-séries, tão tarde. Quem perdeu, tem tudo no youtube. Abaixo, está incorporada a primeira parte do primeiro episódio. Logo depois é o link para do canal com a produção na íntegra!

Link para a série inteira [créditos: usuário coisasquegosto do youtube]:

http://www.youtube.com/user/coisasquegosto#play/user/08CAD5F15EF426BF

Link do Blog da O2 Filmes - post sobre a segunda temporada

http://blog.o2filmes.com/2009/07/22/som-e-furia-segunda-temporada/

Site oficial no portal da Globo

http://somefuria.globo.com/

A televisão ainda tem que se encontrar. É um formato que sofre muito preconceito. Alguns se esquecem que o péssimo repertório de produtos lançados na TV brasileira tem menos relação com o formato do que com a covardia de quem pode produzir. Mas um dia, trabalhos como Som e Fúria serão regra e não exceção.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Daqui a...

Ele falou que vai ligar... faltam dez minutos. Portanto ela já se arrumou e despista, olhando a caixa de entrada do e-mail. A empolgação a mil.

Os dez minutos não passam nunca. Isso porque, também, ela não recebeu nenhum e-mail. Engraçado, no dia que ela está livre, não recebe nenhum e-mail. Agora, quando o chefe está dando um esporro na sua frente, a irmã em crise no MSN e a moça do cartão de crédito no telefone, aí sim a caixa está que não aguenta mais.

Por fim os dez minutos acabam. É a hora. Mas o telefone não toca. Também não devia, claro, não dá pra pedir exatidão. A moça lembra que deixou uma revistinha de Sudoku sem terminar lá no quarto. Vai pegar. Tenta fazer, mas não consegue se concentrar. "Daqui a pouco ele liga", ela pensa. "Chega de paranóia".

Mais dois minutos e nada. Deus do céu! Qual é problema de ligar na hora? A moça se irrita, porque para ela os dois minutos pareceram trinta. E sabe que ainda vai demorar mais.

O telefone toca. Ela pula.

-Alô?

É a moça do cartão de crédito. Ela é dispensada com calma e educação.

A moça decide que poderia adiantar algumas tarefas enquanto isso. Começa por arrumar o quarto. Trocar os lençóis. Jogar foras os papéis que já não servem. Colocar as roupas em ordem de cor. Passaram-se mais dois minutos.

O telefone toca novamente.

-Alô?

É um homem que oferece uma assinatura de revistas. É dispensado rápidamente com educação. Ele insiste. Sua mãe é xingada. Ele desliga.

A moça já está foribunda. Passaram-se dez minutos e ele ainda não ligou. O que está acontecendo? Decide preparar um lanche; a fome venceu o nervosismo. Faz um sanduíche e um copo de suco. Mastiga lentamente. Engole. Saboreia. Passam-se mais dez minutos.

A moça começa a olhar para o telefone como se ele fosse uma TV. Puxa uma cadeira e fica encarando. Dorme. Acorda dez minutos depois. Dorme de novo. Acorda com o telefone tocando.

-Alô?

É ele. Ela manda catar coquinho.

sábado, 25 de julho de 2009

Viralmente conflituoso

Cérebro: Faz cinco dias que você não faz nada, seu preguiçoso. Levanta dessa cama!
Kikazaru: Você sabia que eu viajei?
Cérebro: E isso lá é desculpa?
Kikazaru: Quando você volta com suspeita de gripe suína sim...
Garganta: É, e eu posso confirmar tudo isso. Quem tá inflamada até agora sou eu...
Kikazaru: Viu, é por isso que eu não tô com ânimo nenhum.
Cérebro: Mas espera aí, eu que sei se você está animado ou não. Se eu tô pronto, você também tá. Além do mais, hoje é dia de escrever pro 3 bananas...
Kikazaru: Ah nem, hoje já é sábado? Que preguiça mortal disso. Eu mal entrei de férias e ainda tenho coisas para fazer.
Mão: Eu não vou movimentar nem um dedo para escrever nada, ouviu cérebro?
Cérebro: Alguém vai respeitar minha autoridade aqui ou vou ter que mandar todo mundo ficar quieto?
Kikazaru: Depende, você já tem o tema do post de hoje?
Cérebro: Óbvio, a gente vai falar da teoria das cordas e das teorias matemáticas envoltas no processo de concepção da teoria.
Kikazaru: Ai, que preguiça
Corpo inteiro: Com o tanto de remédios que você mandou a gente tomar, você pode até mandar a gente levantar. Só vai faltar força pra isso...
Cérebro: Eu não mandei ninguém se entupir de remédios. Os sete comprimidos que vocês tomaram foram devidamente calculados...
Kikazaru: Sim, devidamente calculados pra gente desm...

Sim... Kikazaru passou três dias em um estado lastimável, vivendo em outro mundo. Neste mundo, remédios voavam por todas as partes e ele não tinha consciência de muita coisa. Portanto ele espera estar de volta à realidade amanhã de manhã.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Olha, é só uma lembrancinha...



Qual é a mentira que as pessoas mais contam hoje em dia? “Aaaaahhh, não precisaaaaava!!”. Sim, quando você entregar um presente a alguém e ouvir essa frase, pode saber que, na verdade, a pessoa quer dizer: “Ainda bem que você não se esqueceu”. Todo mundo gosta de ganhar alguma coisa naquela data especial ou mesmo em um dia qualquer.

Mas se há uma profissão que deve realmente ser estressante é a de Papai Noel. Dar presentes é muito bom, claro, mas escolher...”Ah, isso é simples demais”, “poxa, mas será que ela gosta dessa cor?”, “Acho que já vi ele com um desses”, “Bom, se fosse pra mim, esse estava bom... vou levar! Agora me mostre os outros que ainda tenho que escolher o presente”. Por ser tão difícil assim que sou a favor de todos serem menos materialistas e possessivos e aderirem, sinceramente, à frase ‘o que vale é a intenção”. Se seu pai não pode te dar um carro aos 18 anos, fique feliz com um chaveiro. Se sua namorada não está em condições de comprar aquele rolex [alguém ainda usa relógio de pulso?] sinta-se feliz com um despertador que sai correndo pela casa! E sua tia distante de quarto grau? Ela te deu um par de meias? Qual é, vai dizer que enchê-las com papel, pegar dois chinelos e jogar tênis não é muito mais realista que qualquer console por aí?

E essa tortura de escolher presentes é uma coisa que não acaba. Tem os clássicos: Aniversário, Dia das Mães, Dia dos pais, Dia das crianças [putz, se você tiver irmãos mais novos ou sobrinhos então, pode incluí-los nessa...], Natal e Páscoa. Temos também os mais específicos: Dia do Professor [15 de outubro], Dia do Jornalista [07 de abril], Dia do Advogado [11 de agosto].... Hoje, por exemplo, é, como todos bem sabem, Dia Guarda Rodoviário... O quê? Você não sabia? Eu não acredito nisso! Bom, se você tem um amigo guarda rodoviário ainda dá tempo de comprar seu presente.

Já está começando a ficar de cabelo em pé? Pensando em abrir a calculadora do Windows para ver quanto custará deixar todas as pessoas que você ama felizes e que fazer com que elas saibam o quanto significam pra você? Bom, se tens problemas cardíacos e/ou é mesquinho, sugiro que interrompa sua leitura nessa frase. Releia a lista, não sentiu falta de nada? Se não, sinto dizer, mas você está precisando de companhia.... Exatamente, essas são apenas as datas para os solteiros. Se você, caríssimo leitor, já encontrou sua alma gêmea, a outra metade da sua laranja, a cereja do seu bolo, o toner da sua impressora [?] ou alguém que mereça qualquer outro apelido cutí-cutí que não deve ser mencionado em público, aí vai um parágrafo especial só pra você.

Dia dos namorados [12 de junho], Valentine Day [14 de fevereiro], 15º de Av [para judeus], Aniversário da primeira troca de olhares, Aniversário do primeiro encontro, Aniversário “daquela-vez-que-vocês-fizeram-aquela-coisa-boba-mais-que-significa-muito-para-vocês-dois”, Aniversário do primeiro mês de namoro, Aniversário de oito meses de namoro, Aniversário de namoro, Páscoa, Dia das crianças [sim, porque você não pode perder a oportunidade de dizer a ela que está mais jovem do que nunca]... E isso é para citar só os que são impassíveis de esquecimento.

Não me entendam mal, esse não é um texto ranzinza. Como já disse, trocar presentes é ótimo. Até os mais metódicos podem ficar felizes, para cada data que você dá um presente, há uma em que você recebe.

Enfim, o que importa mesmo é você ter se lembrado da pessoa. Então, quando receber um presente, desde um voto sincero de felicidades até àquela tão sonhada viagem à Lua, lembre-se que a pessoa separou um tempo da vida dela para escolher algo que tivesse a ver com você. Se ela tiver errado... bom... para isso que serve guardar uma daquelas raspadinhas que você não ganha nada... é só você entregar para quem deu o presente o simpático “tente outra vez”. E na hora de comprar, bem, certifique-se de que a loja aceita trocas...

Feliz dia do Guarda Rodoviário, Mancha!!!!


Dica de link: Calendário das comemorações do ano:

http://www.arteducacao.pro.br/comemorativas.htm

terça-feira, 14 de julho de 2009

"Só 100 reais", ela murmura antes de entrar. "Só 100".

Ela entra. Como um leão que avista uma manada de gazelas, ela espreita. Esperando pela gazela coxa, ou lenta, ou de pele um pouco diferente, aquela que chame a a atenção e se distinga da manada, tirando a indecisão do leão. Mas nada. Todas e cada uma das peças penduradas são igualmente maravilhosas.

A vendedora está se aproximando. O que poderia ser uma benção é, na verdade, uma maldição dos infernos: A vendedora não vai saber nada. Elas nunca sabem nada. Mas conseguem convencê-la de cometer um erro enorme que ela só perceberá qaundo chegar em casa e deixar as sacolas na cama. O tempo está acabando. No desespero, ela pega um cinto.

Fagulhas sobem pelo corpo. Ele é indescritível. Cada um dos fios de lona vermelha a chama, a seduz. E a presilha! Marrom, brilhante, perfeita. A vendedora chega, mas a cliente já escolheu alguma coisa, e ela só pode dizer: "Fique a vontade". Pode apostar, ela vai ficar a vontade.

O cinto é só o começo. E aquela bolsa lá na penúltima prateleira? E a camisa beige que combinaria tão bem com a calça do Natal passado? E os sapatos pretos que nem os da menina daquele filme?

Os 100 reais, ela percebe, são o que tornam a coisa toda uma caça. Mas, sem esse limite, a compra é uma orgia. Um fluxo interminável de felicidade e prazer, porque os produtos não acabam. 100 reais. Que boba fora. 100 reais e nada é a mesma coisa. 100 reais é tirar um prisioneiro da prisão e continuar a deixá-lo algemado.

Quando chega ao caixa, exausta, sua mão treme. Talvez foi um exagero. Mas, decidida, pega o cartão. "À vista ou parcelado?". "Parcelado". "Em quanta parcelas?". "Qual é o máximo?".

Enfim, sozinha no seu quarto, espalha tudo na cama. Seus bebês. Todos novos, ainda sem conhecer o mundo. Cada um o protagonista de uma história única, especial. Todos... tão caros. Olha para a nota fiscal. Não tem mais dúvidas: Foi um exagero. Um exagero total. No que estava pensando? Entra em pânico. Perde a respiração. Corre para o banheiro. Com mão trêmulas, abre a torneira e molha o rosto.

Mais uma vez. Caiu mais uma vez. E sua promessas, seus propósitos, onde ficaram? Foi tudo pelo ralo. Mas é a última vez. Se levanta, firme, decidida. Da próxima vez, só gastará 100 reais.

sábado, 11 de julho de 2009

Nintendomaníaco sim senhor

Com cinco anos de idade ganhei meu primeiro vídeo-game. Ah, um tão sonhado Super Nintendo. E o primeiro jogo? Super Mario World, lógico. Foi a partir do momento que eu liguei o eliminador de pilhas (alguém ainda se lembra disso?) que tudo começou.

Em 1981, tentando sair de uma crise que quase a levou à falência, a Nintendo Company começou a se dedicar a produzir jogos eletrônicos de qualidade. Foi em meio à crise que surgiu a mitológica figura de Shigeru Miyamoto. Ele conseguiu salvar a empresa com o lançamento de um jogo que simplesmente marcou época. O macaco Donkey Kong era o vilão e um tímido marceneiro (Mario nem sempre foi encanador) que só sabia pular e bater com um martelo era o mocinho. Ninguém conseguia prever as proporções que eles tomariam...

A partir daí a Nintendo deslanchou para o mundo. Seu primeiro console foi o NES (Nintendo Enterteinment System) e consagrou personagens como Mario, Donkey Kong, Metroid e Link (The Legend of Zelda)

Em 1989 foi lançado o portátil Game Boy e minha mãe me colocava no mundo. Em 1992, chegava aos Estados Unidos o SNES. Em 1994 eu ganhei o console. Desde então a história da Nintendo passou a me acompanhar.

O carro-chefe da empresa sempre foi o personagem Mario. Seus jogos eram tradicionalmente os primeiros a serem lançados. Sou suspeito para falar porque ele é meu personagem favorito. Está para ser criado um personagem tão carismático quanto ele. O Sonic até tentou, mas só rodar atrás de anéis não dava o charme necessário...

Além disso, a Nintendo lançou um dos meus desenhos favoritos para um de seus consoles. Pokémon fez um sucesso tão grande enquanto jogo que foi adaptado para o anime e hoje já está em sua 12ª Temporada e com mais de 15 jogos lançados.

Já tive um NES, tenho um Super Nintendo e um Nintendo 64 e já joguei muito o Game Cube. Mas o meu sonho é mesmo um Nintendo Wii. Lembra aquela história de que os games iam ficar cada vez mais interativos, que ia faltar só a gente entrar nos jogos para participar? Pois é, esse é o conceito do Wii. Interatividade. Simplesmente fantástico.

Eu reconheço o esforço das outras empresas em fazer consoles de qualidade (a Sony, principalmente), mas para mim sempre foi e sempre será “Nintendo ou nada”.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os Mestres - II

Opras!

Não, o blog não foi desativado. Estamos passando por algumas reestruturações e, por isso, as postagens não tem sido tão regulares quanto deveriam.

Mas, para tentar compensar um pouco, vou fazer duas ótimas postagens hoje.

A primeira, como já é de costume desde o mês passado , é um tributo aos grandes escritores tupiniquis.

Essa edição de "Os Mestres" é para os que querem rir bastante. Ele é um saxofonista de mão cheia, não bastasse isso, é um dos escritores ainda vivos mais respeitados do país. Esse posto não foi alcançado facilmente, o sulista publicou mais de vinte livros e inúmeras crônicas. Dentre essas obras, O Popular, O analista de Bagé, Comédias da vida privada e Comédias para se ler na escola. A lista de sucessos é vasta demais. Abaixo segue uma das minhas crônicas prediletas escritas por ele.

Com vocês, o mestre: Luis Fernando Veríssimo.


Sexa

- Pai…
- Hmmm?
- Como é o feminino de sexo?
- O quê?
- O feminino de sexo.
- Não têm.
- Sexo não tem feminino?
- Não.
- Só tem sexo masculino?
- É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.
- E como é o feminino de sexo?
- Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.
- Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
- O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra “sexo” é masculino. O sexo masculino, o sexo feminino.
- Não devia ser “a sexa”?
- Não.
- Por que não?
- Porque não! Desculpa. Porque não. “Sexo” é sempre masculino.
- O sexo da mulher é masculino?
- É. Não! O sexo da mulher é feminino.
- E como é o feminino?
- Sexo mesmo. Igual ao do homem.
- O sexo da mulher é igual ao do homem?
- É. Quer dizer… Olha aqui. Tem o sexo masculino e o sexo feminino, certo?
- Certo.
- São duas coisas diferentes.
- Então como é o feminino de sexo?
- É igual ao masculino.
- Mas não são diferentes.
- Não. Ou, são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra.
- Mas então não muda o sexo. É sempre masculino.
- A palavra é masculina.
- Não. “A palavra” é feminino. Se fosse masculina seria “o pal…”
- Chega! Vai brincar, vai.

O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:

- Temos que ficar de olho nesse guri…
- Por quê?
- Ele só pensa em gramática

Crônica publicada originalmente no livro "Comédias para se ler na escola"
(2000, Editora Objetiva)

Uma [linda] história de amor

A segunda postagem é uma forma de dar meus sinceros parabéns para a turma dos meus calouros na faculdade. Temos uma matéria chamada "Oficina de TV" e o trabalho final deles ficou, simplesmente, formidável. Assistam e se deleitem:

sábado, 4 de julho de 2009

Maldito word em branco

Às vezes abrir o Word é um tormento. Você sabe que tem que escrever alguma coisa, mas essa alguma coisa simplesmente não sai. É simples assim. As palavras teimam em não te obedecer, seus dedos pairam preguiçosos no teclado e sua cabeça começa a divagar e se distrair com um cavalinho de pelúcia que você acabou de ver que está cheio de poeira no seu armário.

E, de repente, esse cavalinho começa a parecer mais interessante do que ele nunca pareceu. Você passa pelo menos uma hora olhando para aquele bichinho e finalmente se lembra que tem que voltar e escrever alguma coisa. Quando você olha de volta para a tela, uma página completamente em branco te encara.

Milhões de coisas começam a passar pela sua cabeça nesse momento... sobre o que escrever, como vai ser o início do texto, como ele vai acabar, o que você vai comer e porque você nunca tinha reparado naquele cavalinho antes.

Quando você percebe, o tempo que você tinha para escrever aquilo já caiu pela metade. Desespero, angústia, vontade de tomar café. É claro que a última vence e você vai à cozinha se servir. No meio do caminho, você resolve que é uma boa parar e comer alguns biscoitos para acompanhar o café. E lembra que tem um vídeo ótimo no youtube que você ainda não assistiu.

Você pega o cavalinho, coloca ele na frente do computador e os dois começam a assistir ao vídeo, regados a muito café e biscoito. O tempo continua passando e a página ainda em branco. Em tão você decide tomar vergonha na cara e escrever alguma coisa. Um parágrafo, dois... era para ter cerca de 4000 caracteres e só tem 500? Sem problema...

Você olha para o cavalinho e ele te encoraja a seguir em frente. Você escreve, escreve e escreve. 1000 caracteres ainda... hora de ligar uma música para distrair a cabeça. Deixar no random não é uma opção. Tem muita música ali que você não gosta mais. Então é hora de montar uma playlist legal para ficar tocando enquanto você escreve.

Enquanto isso o tempo passa... novamente você senta na cadeira e olha para aqueles 2342 caracteres já escritos e pensa nos 30 minutos que tem para acabar aquilo. Desespero? Nenhum. Você tem total controle sobre sua enrolação. O cavalinho te dá um último olhar ameaçador e você começa. 25 minutos depois o texto está pronto e revisado. Sem problemas. E dentro do prazo... ninguém pode te acusar de ter deixado para a última hora.

Moral da história: Nenhuma. Isso é apenas um texto completamente avulso...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O revés do clichê



- oi!

Ele ficou impressionado com o quanto duas letras, se ditas por ela daquela forma tão única, podiam dizer tanto.

Não fazia muito tempo, Lucas e Mariana se viam regularmente. À primeira vista era um casal típico. Ele, morador da maior cidade do país, advogado e escritor insipiente que morava sozinho há seis anos. Quando o perguntavam quem era, apesar de toda a correria do cotidiano, sempre dizia: “Sou um amante das coisas simples”. Mariana tinha todo o ar de uma jovem mulher do interior, sorriso discreto, filha de um político muito influente na pequena cidade onde vivia, baixa estatura, suas medidas pareciam estrategicamente confirmar o tipo frágil e romântico da clássica donzela que espera na janela. Não foram uma nem duas vezes que perguntaram como aquele relacionamento estava dando certo entre pessoas tão diferentes, ela tinha a resposta na ponta da língua: “Os opostos se atraem”.

Mas isso era só a primeira fase daquela história. Sentados na mesa do pequeno café, mais um momento de silêncio acontecia. Nesses instantes, não raros, nenhum dos dois dizia nada por algum tempo. Lucas era muito observador, algo maravilhoso, dizia Mariana, mas que às vezes a deixava um pouco insegura.

- Diz alguma coisa... – Ousou pedir a garota, com um sorriso leve nos lábios – Mas não vale “alguma coisa”... he he

- He he... Tudo bem, “Por que você se preocupa com o som da minha voz, se é o som do meu coração que devíeis ouvir?” Tristão e Isolda, citado em Romance. Ótimo filme do Guel Arraes – Disse Lucas.

A partir daí, começaram a falar de cinema, mas os pensamentos que se repetiam na mente do rapaz não pararam de fluir. A cada minuto ele percebia que não estava conversando só com uma garotinha do interior, que Mariana tinha força e espírito de liderança muito maiores do que os da maioria dos governantes. Lucas percebia que, para além da beleza que saltava aos olhos de qualquer um que a visse, a “filha do coronel” era uma mulher completamente conectada com os problemas de seu país e do mundo. Uma pessoa altruísta que se preocupava com as pessoas que moravam dentro e fora dos limites da fazenda de seus pais. Apesar de preservar toda a feminilidade interiorana, ela tinha independência e perseverança. Mariana era muito religiosa, não assistia a tantos filmes e odiava Coca-cola.

Lucas também ai muito além do estereótipo. Pra começar, ele não era tão da capital assim, sua família vinha do interior e ele vivera muito tempo longe das metrópoles. Fora seu aspecto frenético do dia a dia, sonhava sempre com um momento fútil debaixo de uma árvore, para pensar e escrever, de preferência acompanhado. Embora preferisse o humor bem elaborado e filmes de trama complexa, também ria e contava piadas bobas feitas para crianças. Lucas ouvia muita música, nunca abotoava o último botão da camisa e insistia em deixar a pasta dental destampada.

Eles não eram totalmente diferentes e muito menos exatamente iguais. Nem óleo e água, nem gêmeos siameses. Concordavam em tantas coisas que chegava a ser espantoso. Porém, pensavam em tantas outras que se conversassem sobre se surpreenderiam com a posição do outro. Mas é isso que solidificava cada vez mais a relação entre os dois, as diferenças. Como a água do mar escorrendo pela areia da praia, os dois se entrelaçam, peculiarmente, um complementa o outro. Se conhecendo, eles se completam.

Os dois sabiam disso, às vezes vinha o medo, às vezes era um estímulo. O fato é que, da próxima vez que alguém perguntar sobre como se dão tão bem assim, talvez, eles não se classifiquem mais como opostos, mas digam simplesmente: “Os complexos se complementam”.



P.S.: Me desculpem pelo atraso. Devia ter postado ontem, mas foi meu último dia de aulas e não PODIA fazer nada no mesmo dia mais... hehehe.