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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dia D

Me pergunto de onde surgiu a idéia de um prazo de garantia. Sabe, aquela coisa de que tudo dura um certo tempo e depois vai estragar, não importa quão bem foi cuidado. Me pergunto de onde surgiu não porque não entenda a lógica (vender mais) mas porque quero parabenizar o gênio. Afinal, eu nunca teria tido essa idéia. Sabe por quê? Por que eu acharia que ninguém seria tão estúpido de comprar algo sabendo (isso mesmo, não finja de bobo, você sabe sim senhor) que vai quebrar.

É muito intrigante. Afinal de contas, ninguém nasceu ontem. E prazo de validade é como ida ao dentista, tem hora marcada e não dá para adiar. Então, como podemos comprar algo tendo certeza absoluta de que isso vai expirar e nosso dinehiro terá ido ralo abaixo? É de uma estupidez tão imensa que se parar para pensar chora. Mesmo assim compramos, sem pensar no futuro, carpe diem e essas coisas. Que venha o carpe diem pagar a conta do conserto (conserto é a primeira fase, negação: Você sabe que está na hora de trocar, mas faz como seu pai. "Comprei parece que faz ontem, não vou trocar tão cedo não!").

E os danados dos eletrônicos parecem que têm um relógio dentro, silencioso mas eficiente, que vai contando os dias que faltam para virar sucata e ser reciclado para fazer um mundo melhor. E quando esse dia chegar, pode saber: É o momento em que você precisava mesmo. O dia antes do trabalho final o computador pifa, a hora que a bolsa de água rasga o motor falha, a noite de Natal o forno desaba. Murphy é pouco. Isso é inferno astral.

A solução? Não há solução. Vá morar na floresta pelado e você vai perceber que a natureza tem tantos prazos como o mundo de metal. Seu corpo, principalmente. Só que esse não tem musiquinha de contestador para você ficar ouvindo enquanto "é transferido" para alguém que, tenha certez, não vai conseguir resolver seu problema.

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