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terça-feira, 28 de julho de 2009

Daqui a...

Ele falou que vai ligar... faltam dez minutos. Portanto ela já se arrumou e despista, olhando a caixa de entrada do e-mail. A empolgação a mil.

Os dez minutos não passam nunca. Isso porque, também, ela não recebeu nenhum e-mail. Engraçado, no dia que ela está livre, não recebe nenhum e-mail. Agora, quando o chefe está dando um esporro na sua frente, a irmã em crise no MSN e a moça do cartão de crédito no telefone, aí sim a caixa está que não aguenta mais.

Por fim os dez minutos acabam. É a hora. Mas o telefone não toca. Também não devia, claro, não dá pra pedir exatidão. A moça lembra que deixou uma revistinha de Sudoku sem terminar lá no quarto. Vai pegar. Tenta fazer, mas não consegue se concentrar. "Daqui a pouco ele liga", ela pensa. "Chega de paranóia".

Mais dois minutos e nada. Deus do céu! Qual é problema de ligar na hora? A moça se irrita, porque para ela os dois minutos pareceram trinta. E sabe que ainda vai demorar mais.

O telefone toca. Ela pula.

-Alô?

É a moça do cartão de crédito. Ela é dispensada com calma e educação.

A moça decide que poderia adiantar algumas tarefas enquanto isso. Começa por arrumar o quarto. Trocar os lençóis. Jogar foras os papéis que já não servem. Colocar as roupas em ordem de cor. Passaram-se mais dois minutos.

O telefone toca novamente.

-Alô?

É um homem que oferece uma assinatura de revistas. É dispensado rápidamente com educação. Ele insiste. Sua mãe é xingada. Ele desliga.

A moça já está foribunda. Passaram-se dez minutos e ele ainda não ligou. O que está acontecendo? Decide preparar um lanche; a fome venceu o nervosismo. Faz um sanduíche e um copo de suco. Mastiga lentamente. Engole. Saboreia. Passam-se mais dez minutos.

A moça começa a olhar para o telefone como se ele fosse uma TV. Puxa uma cadeira e fica encarando. Dorme. Acorda dez minutos depois. Dorme de novo. Acorda com o telefone tocando.

-Alô?

É ele. Ela manda catar coquinho.

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