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terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Fio Vermelho

- Lindomar!

O Lindomar para e pensa. O que pode ser? Ele esqueceu de alguma coisa? Deletou as mensagens, jogou perfume novo antes de voltar... bate mão na cabeça. Esqueceu de escovar a camisa!

- Lindomar, tem um fio de cabelo vermelho na sua camisa!

- Ah, tem, querida?

A voz da mulher, que está na área de serviço, vem com um tom que mistura impaciência e incredulidade.

- Tem. E eu, caso não lembre, sou loira. Liga de explicar como ele chegou aqui?

- Ora, fofinha - diz ele, levantando de seu sofá e caminhando em direção à voz de sua esposa - sei lá. Deixa eu pensar, quem tem cabelo vermelho...

A mulher guarda silêncio. Ele sabe que ela já descobriu tudo, o máximo que ele pode fazer é tentar fazê-la acreditar que está errada.

- Ah, sim! Lembra da gerente de contas, Marlene?

A mulher lembra.

- Pois é. A coitada está fazendo quimioterapia. Soltando cabelo para todos os lados. Hoje até falei com ela pessoalmente oferecendo uma licença temporária.

A mulher fica chocada. Deve estar pensando "coitada da Marlene". Se ela soubesse que tipo de encontro eles de fato tiveram...

- Coitada da Marlene... e pensar que eu vi ela outro dia lá no shopping... - a mulher levanta a cabeça, com uma expressão surpresa no rosto - E ela estava com o cabelo todo!

- Ah, querida, mas ela começou o tratamento anteontem!

- E ela já está soltando cabelo?

- É muito agressivo.

- O que ela está tratando?

- Uma pinta que pode ser tornar um tumor.

- E para isso ela precisa de tratamento agressivo?

- É porque ela assustou. Muitos parentes dela morreram de câncer.

- Tipo quais?

- O pai...

- O pai dela está vivo!

- Calma, eu não tinha acabado. O pai do cunhado.

- Mas o pai do cunhado não é parente de sangue!

- Mas mesmo assim ela assustou com a morte dele!

A mulher para. "Até que faz sentido", deve estar pensando. Ufa! Foi por pouco...

- Até que faz sentido... - começa a mulher, mas a campainha toca e ela é interrompida.

Ela vai até a porta e o Lindomar vai atrás. Ao abrir, ele quase desmaia. É a Marlene. Veio entregar um relatório. O cabelo está impecável.

A mulher já vira com um olhar perigoso, mas ele não desiste.

- Marlene, você está usando peruca?

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