- Perdoe-me, pdre, porque pequei.
O padre acorda da sesta que ele fazia dentro do confessionário e lança um sinal da cruz apressado.
- Fale, filho.
- Sucumbi à ira. Bati em pessoas que não mereciam. Destruí bens alheios.
- O que aconteceu? - pergunta o padre, uma pouco assustado com o que essas palavras poderiam querer dizer.
- Meu notebook não liga mais. Levei no concerto e começei a brigar com os funcionários. As coisas ficaram feias.
- Ora, filho, você entende a gravidade do que fez? Deixou que a falta de bens materiais o levasse a agredir seus irmãos.
- Eu sei, padre, e estou arrependido.
- Como penîtência, o senhor não usará seu notebook por um mês.
Um barulho brusco se ouve do outro lado do confessionário.
- Ora, padre, assim não dá. Eu tenho que trabalhar, sustentar minha família.
- Sim, claro. Mas?
- Não dá para trabalhar sem o notebook!
Talvez é demais mesmo, pensa o padre.
- Muito bem, então não use seu celular.
- Ora, padre, não seja irracional. Eu não posso viver sem o celular. É o mesmo que pedir que não durma.
O padre começa a se incomodar.
- Então não veja televisão.
- Ora, padre, assim também não. Como que eu vou descansar? Vou acabar morrendo esgotado.
O padre desiste.
- Então reze uma Pai Nosso e três Ave Marias.
A vida do sujeito já é penitência suficiente, pensa, enquanto volta pra sua sesta.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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