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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Com o suor de tua tela

- Perdoe-me, pdre, porque pequei.

O padre acorda da sesta que ele fazia dentro do confessionário e lança um sinal da cruz apressado.

- Fale, filho.

- Sucumbi à ira. Bati em pessoas que não mereciam. Destruí bens alheios.

- O que aconteceu? - pergunta o padre, uma pouco assustado com o que essas palavras poderiam querer dizer.

- Meu notebook não liga mais. Levei no concerto e começei a brigar com os funcionários. As coisas ficaram feias.

- Ora, filho, você entende a gravidade do que fez? Deixou que a falta de bens materiais o levasse a agredir seus irmãos.

- Eu sei, padre, e estou arrependido.

- Como penîtência, o senhor não usará seu notebook por um mês.

Um barulho brusco se ouve do outro lado do confessionário.

- Ora, padre, assim não dá. Eu tenho que trabalhar, sustentar minha família.

- Sim, claro. Mas?

- Não dá para trabalhar sem o notebook!

Talvez é demais mesmo, pensa o padre.

- Muito bem, então não use seu celular.

- Ora, padre, não seja irracional. Eu não posso viver sem o celular. É o mesmo que pedir que não durma.

O padre começa a se incomodar.

- Então não veja televisão.

- Ora, padre, assim também não. Como que eu vou descansar? Vou acabar morrendo esgotado.

O padre desiste.

- Então reze uma Pai Nosso e três Ave Marias.

A vida do sujeito já é penitência suficiente, pensa, enquanto volta pra sua sesta.

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