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quinta-feira, 26 de março de 2009

Numa sexta-feria à noite

- Vamos, só mais uma dose... – Implora a mulher no balcão.

 - Minha cara, não vou servir mais nada! Por dois motivos. Primeiro, já estamos fechando. Segundo, você conseguiu acabar com nosso estoque de Tequila, não temos mais nenhuma gota para servir.

 Ela tenta, inutilmente, segurar o choro.

 - Você... Seu garçom maldito... Não... Tem pena... De uma pobre... Humilhada... Azarada... Infeliz... Quase suicida, noiva?

 - Claro que sim, senhorita – Ele, carinhosamente, envolve um dos braços pelas costas da mulher desolada e a conduz sutilmente até a porta – Sabe, com minha mãe aconteceu a mesma coisa... Um casamento dos sonhos... Tudo marcado... Sabe com é, né? Uma linda igreja... Toda a família lá... tsc... tsc... Mas o noivo também a abandonou... E ela ainda estava grávida.... assim como você, ela pegou um táxi e foi até o bar mais distante que seu dinheiro podia pagar... coitada... bebeu a noite toda, como você... compartilhou da sua dor com o atendente daquele prostíbulo... e hoje, que ironia, tenho a chance de fazer por você exatamente o que aquele bom homem fez por minha mãe naquela noite fria há 37 anos... ele lhe disse, segundo minha própria mãe, que Deus a tenha, as palavras mais sábias que ela já ouvira. Sabe quais foram?

Haviam chegado até o lado de fora do bar.

 - DÊ O FORA DAQUI, SUA BÊBADA!

Então, a noiva saiu vagando pelas ruas estreitas daquele bairro que ela não conhecia. Ela tropeçava em cada desnível da calçada, sozinha. Melhor, ela e seus pensamentos:

“-  Aquela Mônica... amiga da onça... ninguém REALMENTE diz algo no ‘fale agora ou cale-se para sempre’.... Ah, Alberto, seu cachorro... eu não acredito que cai nessa... deixada no altar....Bom, pelo menos não estou grávida... ou estou?”

Depois de alguns segundos calada e de perceber que não tinha dinheiro para comprar um teste de farmácia, ela começa a cantarolar, resmungar, chorar, gritar e gemer. Tudo ao mesmo tempo, desesperada.

“Você me ligou naquela tarde vaziaaaaa
e me valeu o diaaaaa
Você ligou me ligou naquela tarde vaziaaaa
Na mente fantasiaaaa”

Não demorou muito, um policial, que fazia a ronda pelo local, parou a desvairada. Tentou aconselhar a moça, dizer que já eram quatro da manhã e havia pessoas querendo dormir. Ela continuou cantando. O policial lhe deu uma advertência verbal. Ela continuou. Ele foi enfático. Ela foi indiferente. Quando o homem da lei lhe encostou para chamar sua atenção, a coitada de branco ficou histérica, perdeu a razão e começou a espernear ensandecida.

Foi presa por desacato.

Na delegacia não havia ninguém. O delegado havia tirado férias. Só estavam lá o policial que lia seu exemplar do jornal Super Notícia com muito afinco e a noiva, lembrando com muita raiva de seu ex-noivo Alberto e maquinando friamente um jeito de se vingar do homem...

- Sabe, seu policial?  - Disse ela se levantando, arrumando os cabelos, recolocando o vestido no lugar e assoprando na mão em forma de concha.

- hum? – resmungou o outro sem desviar os olhos do jornal.

- Tecnicamente, hoje é minha noite de núpcias...


P.S.: Título de uma matéria bizarra + mente de um macaco maluco = "Numa sexta-feira à noite"

7 comentários:

Aline disse...

Oh imaginação fértil!
Por um momento achei que fosse a continuação da história do ônibus em que a moça estava falando ao telefone desconfiada do noivo com a melhor amiga! Droga, achei que tava indo parar no Casos de Família. :p

Unknown disse...

Eu não sei se eu entendi caro Mizaru,se a frase de desfecho fosse "assoprou no meio das duas mãos juntas em forma de concha" eu teria mais certeza (risos)!!!!

Anônimo disse...

rsrrsrss..... digamoss piada meio bizarra
mas... ta valendo!
Eitaaa povo cheio de talendo gentiii...

Ludmylla disse...

Adoreeeei esse texto e gostei mais ainda quando vi que foi baseado nessa notícia engraçada, hahaha! Enfim, que não aconteça comigo!

Nath disse...

uhaahuahuahuahuhuaahuha

nossa, nem preciso dizer que ficou sugestivo até demaais, né?! niih xDD

outro texto seu que ficou muito bom, :)
e olha, tem um texto meu pendurado sobre uma moça bêbada também, só que eu não consigo terminá-lo x.x

beeijo

Jessica disse...

ahauahauahaa
imaginação cada dia mais fértil, não é, amigo?
adorei o texto!
e esse negócio de ser deixada no altar parece tão hollywoodiano, mas outro dia ouvi uma mulher contando sobre a mãe dela que realmente passsou por isso. que dó!
e que noiva safadjenha essa ai! xP

Alim. disse...

Huaheuahe..
boa, Monkey!!
Ficou massa, PRINCIPALMENTE a vingança escolhida por ela!!!

Huaheu.,.