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sábado, 6 de junho de 2009

Uma paixão narrativa

Eu tinha o grande sonho de ser escritor. Desde pequeno me disseram para começar a exercitar, escrever diários, relatos de viagens... essas coisas bobinhas. Foi o que fiz. E comecei a tomar gosto pela coisa. Tomei um gosto ainda maior pelas narrativas. Ah, o fantástico mundo das histórias, repletas de personagens como só elas sabem construir, com uma trama envolvente e um final geralmente surpreendente.

Era o que eu mais gostava de escrever. E, na minha época, não houve ninguém melhor que eu. Escrevi best-sellers renomados no mundo inteiro. Fui o autor que permaneceu mais tempo no topo da lista dos mais vendidos. Quatro dos meus livros foram transformados em filmes que chegaram a concorrer ao Oscar de melhor longa e de melhor roteiro.

Vivia uma vida bem tranqüila. Escrevia por amor, pela simples paixão por aquelas palavras que surgiam suavemente, mesmo sem serem chamadas. Eu tinha quase um ano para produzir um novo material. E me divertia com isso durante os 365 dias.

Foi no meio de um trabalho que uma coisa me chegou de repente. Ela veio, tímida, como quem não quer nada. Veio entrando na minha vida aos pouquinhos e eu fui gostando. Sentia prazer toda vez que ela vinha, devagarzinho, e começava a deslizar suavemente pelos meus dedos.

Meus momentos com ela eram curtos, mas altamente reconfortantes. Não havia a necessidade de firmar um compromisso como com as longas narrativas. Ela me permitia falar de tudo, das coisas que estavam acontecendo no mundo, das banalidades. Deixava-me exibir meu humor ácido, meu sarcasmo sempre que possível. Ela vinha, deixava sua dádiva e ia embora. Simples assim. Fui, cada vez mais, me apaixonando por ela.

Nem sei o que tô pensando agora. Trai. Mas gostei muito. Foi duro quando tive que contar para a minha amada narrativa que queria dar um tempo. Ela não reagiu muito bem, tínhamos uma história ainda inacabada (que hoje reside nas pastas mais escondidas do meu notebook).

Agora só escrevo crônicas. E, cá entre nós, estou me divertindo muito mais...

3 comentários:

Anônimo disse...

se muda pra Arabia Saudita, lá vc pode ser casado com as duas e escrever de tudo ;p

Jessica disse...

hehehehee o comentário anterior é pertinente: nada impede que você escreva de tudo. E deveria mesmo. Não só porque você é ótimo escritor, mas porque escrever é uma coisa incrível. No papel, tudo pode ser real - e depois que está lá, acaba tendo um gostinho de realidade mesmo.

Anônimo disse...

Neste relacionamento nao existe traiçao.