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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Os Pré-israelitas



Mais de 700 palestinos contra cerca de 9 israelenses. Esse era o saldo parcial da ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza até dia sete de janeiro. O mais recente capítulo da epopéia dramática que se tornou o conflito entre palestinos e judeus no Oriente Médio.

Diferentemente da maioria dos conflitos, cujas justificativas estão diretamente fundamentadas na disputa econômica, nesse caso, a “terra” é o principal motivador dos combatentes de ambos os lados.

Entre aspas porque não é efetivamente o território que importa. No caso de Gaza, já é passado o tempo que sua posição era considerada imprescindível estrategicamente. Os míseros 360 KM2 sofrem com o caos demográfico e de infra-estrutura. Quase todos os um milhão e meio de habitantes são mulçumanos [99, 3 %]. Na realidade, a “justificativa” é: as três maiores religiões do mundo [a saber, o islamismo, o cristianismo e o judaísmo] consideram o terreno sagrado.

Os judeus vão ainda mais longe, consideram-se legítimos donos da “Terra Santa”, pois cidades religiosamente marcantes estão na região.

A crise moderna da Palestina parece ter início, a grosso modo, no fim da Primeira Guerra Mundial. Após a vitória da Tríplice Entente, novos países foram divididos entres os vencedores na condição de mandatários. O objetivo era auxiliar temporariamente na estruturação desses locais para que conseguissem se manter independentes. Na Palestina o mandatário foi o Império Britânico.

Na época, vale ressaltar, embora a maioria absoluta fosse mulçumana, todos os que viviam na região eram considerados palestinos. Islâmicos, cristãos, hindus e mesmo judeus.

Como previsto, todas essas nações se tornaram efetivamente independentes no curso das três décadas seguintes: O Iraque (Mesopotâmia) a 3 de Outubro de 1932; o Líbano, a 22 de Novembro de 1943; a Síria, a 1º de Janeiro de 1944 e, finalmente, a Transjordânia, a 22 de Março de 1946. A única exceção foi a Palestina.

Isso devido, principalmente, a ascensão do Sionismo, um movimento nacionalista judáico que pretendia fundar um “lar nacional para o povo judáico”. Chegou-se a cogitar a Argentina ou mesmo a África [Congo] para sediar a nova nação. Mas, como não poderia deixar de ser, a Palestina foi escolhida. E as mesmas palavras supracitadas entre aspas, o objetivo sionista, foram aderidas aos termos do Mandato Britânico.

14 de maio de 1948, a pressão sionista vence e Israel é reconhecida internacionalmente. Mesmo depois da “independência”, o sionismo continuou agindo na região, agregando territórios ano após ano, e pelo mundo, em busca de aliados para fortalecer suas instituições. Reduto conhecido dos judeus perseguidos durante a Primeira Grande Guerra e a Segunda Guerra Mundial são os Estados Unidos.

Ainda hoje, governantes e civis do planeta se espantam se o governo da Casa Branca se posiciona contrariamente às intenções israelenses. O American Israel Public Affairs Committee [AIPAC] é considerado o maior lobby da atualidade. Através de investimentos em campanhas eleitorais os interesses sionistas podem ser defendidos em Washington.

Israel tem um dos exércitos mais potentes e bem treinados do mundo. Por outro lado, os palestinos se apegam a sua fé e a grupos para-militares de apelo popular que oferecem alguma esperança. O apoio dos outros árabes, que em meados do século passado era efetivo, agora se assemelha ao do resto do mundo, palavras. Mudança graças a pressão de países como os Estados Unidos.

Enquanto você leu esse pequeno artigo, mais pessoas foram mortas, mais casas atingidas, mais refugiados e órfãos surgiram, menos infra-estrutura, menos saúde, menos comida... O Hamas foi eleito e sequer reconhece o Estado judáico, já chegou a profetizar “Esse ataque a Gaza será o cemitério de Israel”. O governo israelense se nega a cessar fogo [salvo animadoras três horas diárias] enquanto não desestruturar o grupo “terrorista” islâmico.

Para o vestibular cheguei mesmo a estudar, com muito pesar, sobre várias civilizações dizimadas, culturas perdidas que jamais poderemos compreendê-las plenamente: Feníncios, Philiteus, Maias, Vikings, Lakotas, Incas... E o mundo segue assistindo ao massacre palestino com cara de “alguém tem que fazer alguma coisa”. Só espero que não chegue o dia em que meu filho ou neto me peça ajuda com o dever de casa, com um livro de História aberto no capítulo sobre o povo “pré-israelita” e me pergunte algo como “Quem eram mesmo esses tais... er... ‘palentinos’?”




P.S.: Qualquer erro de apuração, perdoem o macaco.

4 comentários:

Buono disse...

só sei que vou lá pra faixa de gaza esse ano... dizem que lá tá bombando!

Pedro, o Nogueira disse...

Boa apuração, Macaco! Muito bao!

Jessica disse...

espero também que esse dis não chegue!
ótimo post porquinho! o texto ficou ótimo e acho que é um assunto que deve ser pensado, levando em consideração tudo que tem acontecido!
parabéns! xD

Gustavo Almeida disse...

Muito instrutivo e didático
confesso que isso me ajudaria demais pra um vestibular... senti falta de uma colocação do problema dessa maneira tão eficiente e interessante
fora o vestibular, serviu pra me ajudar a entender um pouco mais esse conflito, que é confuso a primeira vista...