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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Looking for


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Lucas caminhava pela rua como um louco. Um louco não, um lunático. Um daqueles que a gente olha e não sabe se sente dó ou inveja. Tão despreocupado e livre, ele cantarolava as músicas que tocavam no seu mp3. Cantarolava alto! Chegou até a puxar uma dama para dançar, do nada, na calçada. Ela não estava exatamente na mesma freqüência que ele, lhe deu um empurrão e um “sai pra lá, maluco”. O problema era dela, não fazia diferença para Lucas.

Se alguém lhe parasse e perguntasse qual era a “receita” daquela felicidade espontânea, ele não saberia responder. Seria a atitude de trocar o toque do seu despertador? Acordar ouvindo Brand New Start era mesmo revigorante. Mas não era essa a razão. Sabe quando as coisas simplesmente estão bem? Se Lucas parasse pra pensar nisso, talvez chegasse mais perto da fórmula da tal receita.

Bom, mas ninguém perguntou e ele não parou para pensar. Depois de acordar, desceu as escadas do prédio no ritmo Happiness is a warm gun. Cinco andares de degraus, o elevador pareceu tão chato.

Saiu pela portaria e até o porteiro sentiu que o rapaz estava diferente: o bom dia mecânico foi substituído por um “tenha um bom dia!”, isso mesmo, com exclamação no final, uma raridade.

Quando o randon do Ipod escolheu Cara Estranho ele riu sozinho pensando que aquela era mesmo uma ótima trilha para o dia de hoje. Não que não houvesse problemas, mas agora ele sabia que era tudo uma questão de tempo. Todas as grandes questões existenciais e as pequenas escolhas de cardápio... Tudo era só uma questão de tempo.

Ele ainda sentia dentro de si a sede que sempre sentiu. Uma sede forte do tipo que o faria olhar nos olhos de um peregrino do Saara e dizer: “Cara, eu sei exatamente como você se sente”. Não, não é que as coisas tinham, de uma hora pra outra, tornado-se perfeitas. Ele sabia que ainda ia cair muito, que ia ouvir muitos não’s e que, indubitavelmente [como diria seu pomposo professor de Sociologia no colégio], haveria o momento de reviver a sensação de peixe no aquário das focas. Mas Lucas tinha certeza absoluta que agora, mais cedo ou mais tarde, podia vencer qualquer luta que visse por aí.

Suas batidas cardíacas acompanhavam a melodia de Banana Pancakes.Mas só a melodia combinava com a cena de Lucas descendo do ônibus, porque não chovia, era um esplêndido e, quase que literalmente, fabuloso dia de sol. A cada esquina que virava, por cada pessoa que passava, ele estendia um grande sorriso e dizia “belo dia hoje, não?”. Claro que já sempre fazia isso com uma ou outra garota em dias normais. Pra puxar assunto, sabe?! Nunca funcionou realmente, mas não custava tentar.

Porém, dessa vez não havia restrição. Ele não notava o sexo, a beleza, a idade ou o que quer que seja do interlocutor, apenas cumprimentava, como um político em campanha eleitoral, só que sincero. Bem, político sincero não é uma coisa muito fácil de imaginar, enfim, ele estava cumprimentando todo mundo que andava pela calçada.

Ironicamente, dessa vez, a “tática” deu certo e ele ouviu um “Não tão lindo quanto você, gatinho”. Mas era de um cara! Normalmente ele teria se assustado, ficado com raiva ou qualquer coisa do tipo. Hoje, só riu, gargalhou na verdade, e continuou andando fingindo não ser com ele.

Quando Lucas parou em frente ao condomínio que era o destino de sua viagem, o velho e o moço tocou. Foi um momento solene. Ele refletiu bem e pensou em o quanto aquela música foi importante para que tudo isso acontecesse. Para que ele estivesse finalmente ali, em frente àquele prédio, prestes a passar mais um dia inesquecível. 

E como havia sido no começo, quando os Hermanos cantaram “...E eles têm razão quando vem dizer que eu não sei medir nem tempo e nem medo...” a coragem encheu seu peito e ele apertou o interfone do 13º andar.

- oi ..



P.S.: escrito originalmente para meu blog pessoal.

4 comentários:

Ludmylla disse...

Nossa, que texto ótimo! Só de imaginar o bom humor do menino já estou esperançosa pra amanhã, super contagiante! :D
Vou manter esse texto em mente e tentar prolongar a alegria de hoje!
Que tenha um ótimo dia, beeeeijos!

Aline disse...

Tem continuação???

Macaco Mizaru disse...

acho que não...

Luize Valú disse...

doooooido ennin!
muito doido! eu tenho dias assim, são tão bons!