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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

... E O Vento Trouxe

Como todos os que leram meu último post devem saber, hoje fui visitado exclusivamente pela musa inspiradora Helga.

E basta com dizer que mais estou inspirado pela sua visita bizarra do que pela sua presença mitológica.

Ela chegou num momento bem inesperado. Eu estava no médico, ainda nem pensando em escrever este texto, quando ela apareceu, bem atrás do doutor, que no momento escrevia a receita.

"Iwazaru!", ela exclamou na estridente voz que eu ainda iria escutar muito pelo resto do dia, "Eu sou sua musa inspiradora".

O médico, graças a Deus, não parecia poder ouví-la, mas eu simplestemente não podia escutá-lo mais. Numa série de gritos desgarradores, Helga me explicou por quê estava ali (lamentávelemente, era culpa minha). Eu não podia mandá-la se calar por duas razões: Eu tinha pedido por isso, e o médico ia achar que eu estava doido. Tive que sair às presas, sem receita e sem vergonha, para casa, onde podia falar sem ser incomodado.

Quando por fim sentei, para ter uma discussão sensata, pude apreciá-la, e deixem-me dizer-lhes: Não há nada igual. "Rechoncha" é pouco: O seu é um caso grave de obesidade. Isso tinha que me inpirar?

Eventualmente, sua gritaria sessou. Ela percebera que eu não respondia.

"Muito bem", disse, e eu reparei que tinha um leve sotaque nórdico, "vamos começar, não?"

"Eu... não sei se quero escrever agora", respondi, tímido, mas sincero.

"Não?", disse ela, fruncindo o cenho de uma maneira que me fez acreditar, piamente, que ela ia tirar a sandália e deixar meu bumbum vermelho.

"Ainda não", respondi corajosamente.

"Oh. Você não sente inspirado?", disse ela, levantando uma sobrancelha.

"Claro que sim!", respondi, temendo por minha vida. "Só de vê-la já sinto as idéias fluir. Mas, talvez..."

"Não fale mais nada", replicou ela, adquirindo um tom maternal. "Eu entendo. São muitas idéias, e você está confuso. Vamos tentar ir mais devagar, não?"

Para meu horror, ela caminhou até meu lado e sentou no sofá também. Aparentemente, ela era invísível para outros, mas suficientemente real, pois o sofá fez um barulho horrível quando ela sentou.

Depois de aclarar a garganta algumas vezes, ela começou a soltar uns trechos potentes do que, depois vim a saber, era "A Valkíria". Aparentemente, ela interpretava minhas expressões de tímpanos doloridos como fluxos de idéias, pois aumentava a potência da voz.

"Chega!", gritei por fim. "Eu entendi, tá? As musas querem me castigar por ter reclamado. Eu entendi. Não vou reclamar mais, certo?"

"Não. Eu não entendo", respondeu ela. "Que castigo?"

"Ora, mandar você. Eu entendo. Eu deveria esperar as musas vierem quando podem"

"Você está dizendo que me ter aqui é um castigo?", respondeu ela se levantando do sofá, e me encarando.

Eu engoli em seco.

"Ehm..."

"E então? É isso?", perguntou ela de novo, e lágrimas deslizaram de suas bochechas robustas.

"Não, desculpe. Eu estava confuso. Como você disse, muitas idéias"

Ela não respondeu, e eu levantei, fazendo meu melhor esforço para abraçar seu corpo. Não consegui, e me conformei com simplesmente acariciar-lhe a bochecha.

"Pode voltar todas as vezes que quiser", disse.

"Sério?", ela perguntou, levantando os olhos.

"Sério"

Não muito depois, ela ia embora. E prometeu que vai voltar todas as terças. Que Deus nos acuda.


Para quem perdeu, o blog ganhou mais um selo!

3 comentários:

Jessica disse...

tô vendo que esse macaco arranjou, não inspiração, mas uma ENORME confusão... xP
adorei o post xuxu!

Unknown disse...

Heeey,
deii um prêmios pro teu blog lá;)

Pedro, o Nogueira disse...

Me divirto!