BlogBlogs.Com.Br

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Música

Por Nath, Minha Grande Amiga

Marina Tilli conheceu suas novas facetas enquanto ouvia música. Descobriu o quão positiva poderia ser ao ver as coisas se desmoronarem diante de seus olhos. Assim, como uma antítese. E percebeu o quanto ela é sensitiva, por conseguir ir tão adiante só por ouvir simples ruídos harmoniosos (que ela tanto adorava). Esses ruídos a faziam se arrepiar por inteiro num piscar de olhos, literalmente.

         Marina conseguia se sentir outra pessoa, esquecer que estava em outra cidade. A música tinha um poder estranho sobre ela, uma espécie de dominação inconsciente, que a fazia querer manter-se nesse estado por dias e dias. 

         Sempre com seus fones nos ouvidos dando toda a liberdade aos seus pensamentos sem interrupções externas, a garota pensou em tudo o que lhe deu vontade e que, usualmente chocaria qualquer um que não prestasse parte do seu tempo pensando em coisas aleatórias.

         Sentiu saudades de sua mãe, queria abraçá-la como nunca pode fazer. Era querer se prender a um passado inexistente. Aliás, saudade é um sentimento que Marina não queria mais ter. Começou a perceber que isso costumava causar sérios danos a pouca sanidade que se hospedava em seu cérebro, deteriora ainda mais. Arruinada estaria sua alma, seu coração, diante da saudade.

         Marina não poderia nunca se esquecer que a complexidade é inseparável à ela; Que a colher que dosa a sua mediocridade sobre moral é a mesma que dosa o quanto ela tem afeição por animais: uma colher de café.

         Distraída, Tilli encontrou dentro de um dos bolsos de sua mochila um antigo bilhete que escreveu para Diego pouco antes de se mudar. Consistia na declaração do mais puro sentimento que sentia por ele, algo que nunca havia sentido antes, que ela mesma queria evitar. Deu um sorriso e começou a lê-lo, como sempre acontece quando encontra seus antigos escritos.

“Você é o homem que me faz querer fechar os olhos só para abraçar e ainda sorrir por ter a melhor sensação do mundo nesse abraço. É assim. Quando eu estou com você, eu me sinto protegida do mundo; Eu sinto como se nada "lá fora" importasse além do que eu sinto por você. Do tanto que eu te amo. Nem eu estou acreditando que estou falando essas coisas, mas é que... eu não consigo controlar isso de não pensar em você à noite, de não querer voltar atrás para te abraçar de novo. É o seu jeito.

Lembra quando eu pedi pra você me esperar? Eu dizia que eu te amava de um jeito diferente, e não do jeito que os outros se amam. E eu só tenho a agradecer por você ter me esperado, porque hoje eu sei que eu te amo mesmo.”

         Preferiu colocar os fones de ouvido de novo, para sofrer menos com o que havia escrito. Não se arrependeu, mas aquilo a fazia sentir saudade da cidade natal, das pessoas, das vivências.

         Escolheu outro rumo para seus pensamentos: aumentou o volume dos ruídos programados, esperando alcançar seu suposto “nirvana”, como assim gostava de definir a paz que vencia toda e qualquer insignificância de seu corpo e alma, como um torpor.

         E foi nesse momento que Tilli sentiu seu progresso: aprendeu a fazer suas próprias escolhas, absorver o que era melhor para ela e lidar com o que tirasse a energia que lhe trazia alegria.


Como outros macacos, nessa semana preferi fazer uma homenagem aqui no 3B. Esse texto foi escrito por uma grande amiga minha. Eu adorei quando li, me impressionou a intimidade dela com a língua, usando de palavras belas e não, como muitos se confundem, palavras difíceis. Outra coisa que achei brinhante foi a narrativa psicológica da personagem, tão real, sensível e comovente. Mas a minha opinião ela já sabe, postei para que todo mundo que passar no 3B tenha uma mostra do que, realmente, é uma crônica. Parabéns Nath, continue escrevendo sempre e me mostrando! 

2 comentários:

Nath disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nath disse...

*.*

bonitinho o que você escreveu, "Mizaru", obrigada!
esse texto tem uma das coisas que a gente tem em comum: o gosto pela música :D
por isso, a escolha foi coerente!
Los Hermanos para a vida, ahha

beijo